quinta-feira, 11 de outubro de 2012

*in Água VivaClarice Lispector*

Minha verdade espantada é que eu sempre estive só de ti e não sabia. Agora

sei: sou só. Eu e minha liberdade que não sei usar. Grande responsabilidade

da solidão. Quem não é perdido não conhece a liberdade e não a ama. Quanto

a mim, assumo a minha solidão. Que ás vezes se extasia como diante de fogos

de artifício

solidão pode se tornar dor. E a dor, silêncio. Guardo o seu nome em
. Sou só e tenho que viver uma certa glória íntima que na

segredo. Preciso de segredos para viver.*in Água VivaClarice Lispector*

Poema amoroso (Cora Coralina)

Este é um poema de amor tão meigo, tão terno, tão teu... É uma oferenda

aos teus momentos de luta e de brisa e de céu... E eu, quero te servir a

poesia numa concha azul do mar ou numa cesta de flores do campo. Talvez tu

possas entender o meu amor. Mas se isso não acontecer, não importa. Já está

declarado e estampado nas linhas e entrelinhas deste pequeno poema, o

verso; o tão famoso e inesperado verso que te deixará pasmo, surpreso,

perplexo... eu te amo, perdoa-me, eu te amo...
*Cora Coralina*
Não te amo mais.Estarei mentindo dizendo que ainda te quero como sempre


quis.Tenho certeza que Nada foi em vão.Sinto dentro de mim que Você não

significa nada.Não poderia dizer jamais que alimento um grande amor.Sinto

cada vez mais que Já te esqueci!E jamais usarei a frase EU TE AMO!Sinto,

mas tenho que dizer a verdade É tarde demais...
 
*Clarice Lispector*

Talvez não ser,é ser sem que tu sejas,sem que vás cortandoo meio dia com uma

flor azul,sem que caminhes mais tardepela névoa e pelos tijolos,

sem essa luz que levas na mãoque, talvez, outros não verão dourada,

que talvez ninguémsoube que cresciacomo a origem vermelha da rosa,

sem que sejas, enfim,sem que viesses brusca, incitanteconhecer a minha vida,

rajada de roseira,trigo do vento,E desde então, sou porque tu ésE desde então és

sou e somos...E por amor Serei... Serás...Seremos...
Pablo Neruda