segunda-feira, 1 de junho de 2009

Felicidade


Gosto de acordar tarde e dormir tarde, mas a madrugada não é o meu lugar, preciso de luz natural, não fotografo bem com flashes, não quero que me revelem, me escondo na claridade, onde todos aparecem.
Não sou tão entusiasmada que goste de axés e seus afins. É onde minha brasileirice se destoa, não sou de pular, jogar os braços pra cima. Até gosto de verde, mas amarelo, detesto.
Desenvolvi-me ao avesso, numa claridade interna, invisível para quem está de fora. De dia meu país de fato brilha, mas onde me reconheço é no silêncio, no aconchego de minha intimidade. Difícil ser brasileira sem fazer barulho, sendo agridoce e não salgada do mar. Fui de certa forma capturada, ganhei um greencard pra continuar no meu país sem precisar aderir ao ziriguidum e às festas do apê.
Não me importo mais com suas reações, nutro maior indiferença pelos seus aplausos.Dane-se respeitável público, eleja quem quiseres, o voto é teu.Tranquei-me a sete chaves e não vou lutar contra as tuas grades.
Felicidade é uma conquista, é até mais importante que a alegria.Carnaval é alegria, deve ser por isso que só dure quatro dias.Felicidade não é grito, não é pegadinha, não é pegação. Felicidade é caminhar e não correr, ter um pouco de noite no seu dia, e muito dia no seu sono. Felicidade é dar umas paradas a fim de ganhar tempo.
E assim é.
Nossos momentos felizes se dão, quase todos, na intimidade, quando ninguém está vendo.Ninguém é tão feliz quanto aquele que lida bem com suas precariedades.
Toda felicidade é construída por emoções secretas. Podem até comentar sobre nós, mas nos capturar, só se permitirmos.
A sua felicidade não é a minha, e a minha não é a de ninguém.


Escrito por Bianca Feijó

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