quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Carta A ANAIS LIN



Aproveitando o mês de março que por causa de um marco no calendário nos remete as mulheres, vamos aproveitar para postar aqui algumas cartas escritas por elas ou para elas que deixaram marcas na literatura, começamos então pela Anais Nin que ficou mundialmente conhecida pelo seu estilo erótico que obviamente chocou toda uma sociedade que como sempre vivia as margens da hipocrisia.

...terrivelmente, terrivelmente vivo, atormentado, e sentindo absolutamente que preciso de você... Mas eu devo vê-la: vejo-a vibrante e maravilhosa e a mesmo tempo tenho escrito para June, arrasado, mas você compreenderá: você deve compreender. Anaïs, fique do meu lado. Você me envolve como uma chama acesa. Anaïs, por Deus, se você soubesse o que estou sentindo agora. Quero me familiarizar mais com você. Eu a amo. Amei-a quando você veio e se sentou na cama - toda aquela segunda tarde foi como um nevoeiro morno - e ouço novamente a maneira como você diz meu nome, com aquele seu sotaque estranho. Você desperta em mim tamanha mistura de sentimentos, que não sei como me aproximar de você. Apenas venha a mim - chegue mais perto de mim. Será belo, eu lhe prometo. Gosto tanto de sua franqueza - quase uma humildade. Eu nunca poderia magoar isso. Tive um pensamento esta noite de que era como uma mulher como você que eu devia ter me casado. Ou será que o amor, no começo, sempre inspira tais pensamentos? Não tenho medo de que você queira magoar-me. Vejo que você tem uma força também - de uma ordem diferente, mas ilusória. Não, você não se deixará abater. Falei muitas tolices - sobre sua fragilidade. Tenho ficado sempre um pouco embaraçado. Mas menos do que da última vez. Tudo isso desaparecerá. Você tem um senso de humor tão delicioso - adoro isso em você. Quero vê-la rindo sempre. Isso faz parte de você. Tenho pensado em lugares a que deveríamos ir juntos - pequenos lugares obscuros, espalhados por aí, em Paris. Só para dizer: aqui vim com Anaïs; aqui nós comemos ou dançamos ou nos embriagamos. Ah, vê-la realmente bêbada alguma vez, isso seria um prazer! Tenho quase medo de sugerir isso – mas Anaïs, quando penso em como você se esfrega em mim, com que ansiedade você abre as pernas e como você é húmida, Deus, fico louco de pensar como seria quando tudo acabasse.
Ontem pensei em você, em suas pernas apertadas contra mim de pé, no quarto, tremendo, em cair sobre você na escuridão e não saber de mais nada. E estremeci e gemi de prazer. Estou pensando que se tiver que passar o fim de semana sem vê-la será insuportável.

Carta escrita por Henry Miller
Anaïs Nin, in Henry & June. Segunda edição



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